terça-feira, 10 de abril de 2012

Michael Jackson e Eros, o deus do amor

Muito já se falou sobre a sexualidade de Michael Jackson. Ele já foi chamado de gay, de assexuado, de pedófilo, entre outras coisas. Nem quero discutir tais afirmações aqui…No contraponto, já teve também sua capacidade inegável de atração muito bem descrita em textos que fizeram a ponte entre a magia de seus shows e sua transbordante e natural sensualidade.




Não tenho muito a acrescentar ao que já foi dito e escrito, mas como alguém que o ama muitíssimo, fui beber na fonte de Eros na tentativa de tentar compreender que amor é esse tão forte e pulsante que Michael provoca na pessoas ao redor do mundo todo, não só através de suas eletrizantes performances, mas também com suas atitudes, e com isto eu quero dizer, Michael fora dos palcos também é apaixonante.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Michael Jackson e o Namastê


A imagem de Michael Jackson cumprimentando com as mãos unidas é mundialmente conhecida.



 

Possivelmente seja uma marca midiática, uma estratégia de marketing, mais uma esquisitice do Rei do Pop -  muitos devem pensar.
O que talvez nem todos saibam é que esse cumprimento de origem hindu, chamado Namastê revela um amadurecimento espiritual intenso, um profundo respeito pelos outros seres humanos.
Tolerância à diversidade religiosa e cultural e, além de tudo, um gesto de verdadeira humildade.
Michael Jackson, que, além de gênio do entretenimento mostrou-se grande humanitário, foi agraciado por uma sensibilidade ímpar e por inteligência aguçada.
Não por acaso, escolheu esta forma de cumprimentar as pessoas, sintetizando neste gesto mais uma fagulha da sua interessante personalidade.


Veja agora o significado do Namastê:
A palavra Namastê é o cumprimento em sânscrito que literalmente significa “Curvo-me diante de ti”.
É a forma mais digna de cumprimento de um ser humano para outro.
Expressa um grande sentimento de respeito.
Invoca a percepção de que todos nós compartilhamos da mesma essência, da mesma energia, do mesmo universo.

Namastê  possui uma força pacificadora muito intensa.
Em síntese, é “Saúdo a você, de coração e deve ser retribuído com o mesmo cumprimento.




O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em ti.
O Espírito em mim reconhece o mesmo Espírito em você.
A minha essência saúda a sua essência.

As pessoas que trocam indiferenças, desconfianças ou ódio, são pessoas que esquecem que Deus habita cada ser.
Os cinco dedos da mão esquerda representam os cinco sentidos do coração, enquanto os dedos da mão direita representam os cinco órgãos da razão.
Significa então que mente e coração devem estar em harmonia, para que nosso pensar e agir estejam de acordo com a Verdade.Também é reconhecimento da dualidade que existe no mundo, simbolizando a união das polaridades, esquerda e direita, bem e mal e sugere um esforço de nossa parte para manter essas duas forças unidas em equilíbrio.


 














Na Índia Namaste ou namaskar é uma saudação ao homem interno e denota aceitação, disponibilidade e amor.
Para os indianos, a palavra sagrada significa ‘Deus em mim saúda Deus em ti’.
Já no Nepal, este significado recebe uma interpretação parecida: ‘Eu te reverencio porque em ti habita todo o universo, porque tu és amor, verdade, luz e paz.
O gesto namaste é feito unindo-se as palmas de ambas as mãos na altura do chakra cardíaco e inclinando levemente a cabeça.
Pode ser feito também unindo-se as palmas das mãos na altura do chakra frontal, inclinando levemente a cabeça e descendo as mãos até o cardíaco.





No Ocidente, o gesto é geralmente acompanhado da palavra.
Dez dedos unidos no Namastê.

O número 10 é símbolo da perfeição, da unidade, do equilíbrio perfeito.

· Os dez mandamentos.
·
As dez encarnações da Árvore da Vida.
·
Os dez vértices da estrela de Pitágoras.
·
A Parábola dos dez talentos (Mt, 25).

Toda criatura é um reflexo dos 10 Atributos Divinos:
·
Apego
·
Bondade
·
Conhecimento
·
Entendimento
·
Esplendor
·
Harmonia
·
Perseverança
·
Realeza
·
Sabedoria
·
Severidade

Namastê traz o Sagrado para dentro de cada ser humano, afirmando que Deus não está no céu, num templo ou mesmo na natureza.Deus está em tudo, em cada um de nós e qualquer dissociação da imagem do divino da nossa é inútil.Ao fazer Namastê afirmamos que todos somos filhos e partes do Sagrado, indissociáveis e iguais.




Agora que você conhece o real significado do cumprimento que Michael fazia, percebe  o quanto ele sempre foi especial e que Deus lhe confiou uma importante missão?
Nota minha MJJKING: Este Namastê tem um sentido especial para todos nós que te amamos e 
sempre soubemos o quanto és limpo!




Fonte: http://www.belasmensagens.com.br/powerpoint/significado-de-namaste-569.html

No Oriente, o gesto fala por si mesmo. Em seu livro ‘Descumprimentos de promessas e juramentos’, Ubirair do Nascimento, Patriarca Xazyr I da IEVE (Irmandade Espiritualista Verdade Eterna), diz que no “gesto de ficar com as mãos postas, entre elas fica um espaço que é preenchido pelas energias palmares”.
Um gesto simples como namaste pode transmitir um sentido de acolhida, paz, tranqüilidade, respeito e unidade.
O gesto conduz o ser humano à reflexão de que é preciso agir e viver tendo sempre como ponto de partida o coração, morada da divindade.

Por tudo isso, da próxima vez que ouvir ou proferir essa palavra, faça com todo amor e respeito.
Namaste!


Fonte : http://ceu-namaste.blogspot.com/2006/11/o-significado-de-namaste.html

Fonte http://falandodemichaeljackson.wordpress.com/wp-admin/post.php?post=709&action=edit

A voz de Michael Jackson – Um registro apaixonado

As características técnicas dessa tessitura vocal com tamanha amplitude eu deixo para a análise específica de um seleto grupo de “experts” no assunto. Eu pertenço a um outro grupo, provavelmente bem maior, daqueles que, embora não sendo especialistas em técnicas vocais, o amam com grande devoção e, não sendo surdos, conhecem o que é boa música e reconhecem uma voz especial. Sabemos que Michael treinava sua voz, a aquecia e cuidava dela como um tesouro, mas sabemos também que essa voz emergia da alma, como tudo que ele fez.
Mesmo não tendo ouvidos musicais, a minha trajetória gospel me ensinou a apreciar a boa música e a reconhecer alguns detalhes. Quem já cantou num grupo vocal de igreja ou montou uma banda no seu tempo de adolescente sabe do que estou falando. Você passa a ficar mais seletivo, seus ouvidos percebem melhor e distinguem mais facilmente sons como instrumentos vocais, arranjos, back vocals, subidas e descidas das vozes  nada muito científico, apenas a capacidade de maior sensibilidade para ouvir.
Pois bem, foi essa percepção mínima, não muito aguçada nem sequer especializada que me conferiram hoje, o direito de falar da voz de Michael Jackson.



Primeiro, porque eu o conheço e o amo desde quando éramos crianças  sim, já devo ter falado isso mais de uma vez, somos contemporâneos – crescemos juntos, adolescemos juntos, adultecemos juntos e ambos mantivemos o jeitão criança de ser. Acho que morremos juntos, pois parte grande de mim se foi naquele 25 de junho…
E é do tempo de menina minha primeira memória auditiva de Michael, quando ainda no Jackson Five, a interpretação angelical de criança por vezes assumia uma forma quase adulta, algumas reviravoltas na voz, uns lances assim tão maduros… Mas foi quando ouvi  “One Day in your life” que me apaixonei de vez.

Aquela voz comunicava uma emoção que me contagiava e me fazia sentir como ele, ou pelo menos, como ele queria que eu sentisse.Sim, aquela voz tinha esse poder.Porisso chamo a minha fala de “um registro apaixonado”  sobre o impacto que essa voz causa em mim: me transmite calma e ânimo, me instiga a pensar e me impulsiona a agir, me mantém viva.
Eu te convido a ler esse texto e a viajar por algumas músicas que Michael Jackson interpretou. Para aproveitar melhor a viagem, desnude-se do preconceito e vá saboreando o menu que se apresenta.
Pra mim, leiga no assunto, ele tem muitas vozes, da aguda ao tenor possante, em todas as formas que se apresenta estão lá as marcas identitárias de Michael Jackson: a entrega total à sua arte, a intensidade, a sensualidade natural, entre outras. Mas os especialistas advertem- é uma só voz, dotada de grande amplitude, parecendo ser várias. Mas, voltamos à minha visão apaixonada.



Sua voz comunica movimento, mais do que isso, sua voz dança. É isso mesmo, costumo dizer que em Michael Jackson a voz dança e o corpo canta. Experimente assistir a um vídeo dele dançando sem som. Se você conhecer ao menos um pouco do seu repertório, saberá qual é a música, pois o corpo a interpreta com minúcias. E se apenas ouvir sua voz cantando virão em sua mente os movimentos. Sei que você dirá: Mas isso é óbvio, em se tratando de Jackson, pois ele produziu muitos vídeos clipes (short films) e, ao ouvir a música, é instantâneo evocar a imagem. Eu te responderei então:  A maioria das centenas de músicas que ele deixou como legado não tem vídeos, pelo menos, oficiais,mas tente ouvir “Shake your body” sem sentir os movimentos. Conseguiu? É impossível.

Sua voz, como nenhuma outra, traduz emoções. Parece redundante dizer isso de um cantor tão expressivo como Michael, mas que outra voz se utilizou de tantos recursos para expressar o amor e o ódio, a solidão e o excesso, a paz e a guerra…? Estão registrados na história musical os gemidos dolorosos de quem chora um amor que se foi, de quem amarga a solidão mesmo em meio à multidão, de quem se revolta pelos elefantes dizimados, pelas florestas incendiadas; estão ali os sussurros aos pés do ouvido, a respiração ao microfone, o estalar da língua, o soluço, os gritos enrrouquecidos pedindo socorro ao planeta, ensandecidos denunciando o abuso da mídia,que, sem parcimônia e respeito, invade sua privacidade e, pior que tudo, produz infâmias sobre ele. Não faltam também os gritinhos agudos e brincalhões, zombando de quem leva a vida muito a sério.

Esse Michael!!!!! Tente ao menos, não sentir paixão alguma ouvindo “Fall again” ou o mínimo de compaixão ao ouvir sentir a autobiográfica “Childhood”.
Sua voz derruba teorias. E ele, corajoso como só, não tem nenhum pudor de exibir a voz agudíssima, algo tão inédito para uma interpretação masculina, ainda mais de um cantor negro, da América tão cheia de hipocrisias e de falso puritanismo. Ele ousou desafiar o que estava posto e se fez único. Uma voz nem tipicamente feminina, nem propriamente masculina. Uma voz só dele, sem comparações, indecifrável e múltipla como só ele soube ser e, como ele próprio, não cabe em nenhuma categoria de classificação. A voz é maior que as escalas classificatórias, não se encaixa nos conceitos, menos ainda nos preconceitos.

Sua voz desenha. Quando eu o ouço, é como se ele utilizasse a voz assim como o pintor pega o pincel e fosse desenhando: linhas curvas e retas, arabescos, escadas que vão até as nuvens, sonhos impossíveis. E vai colorindo tudo também: a voz produz uma gama infinita de tons e matizes diversas, verdadeira aquarela musical. Mesmo quando a voz soa triste, nunca é cinza ou sem cor, pois diante dela,  até a tristeza tem cores, suaves e pálidas, mas ainda assim estão lá. Nas músicas mais ritmadas e alegres, há um mosaico multicolorido, caleidoscópio perfeito e dançante.



Sua voz conclama. Chama os cidadãos à luta. Ela denuncia e anuncia também, pois como disse Paulo Freire, não basta a denúncia sem o anúncio. A voz esbraveja que o planeta está doente (Earth Song) denunciando a ganância do homem, mas essa mesma voz apresenta a solução e dá o anúncio da saída: a voz firme, pausada, ritmada e segura chama o homem do espelho à corresponsabilidade (Man in the mirror) e lhe diz:  Tudo começa com você. Toda mudança começa com o homem do espelho. E ainda lhe impõe o dever de compartilhar a cura do planeta (Heal the World). Uma voz tão docemente convincente que impossibilita o não atendimento ao seu chamado e lá vamos nós, bandeira em punho, unidos na utopia de curar o mundo já tão sem jeito, e agora, também sem ele.



Sua voz seduz. Não bastassem todos os apelos irresistíveis, ainda mais esse. A voz é magnética e  tem sexualidade própria: novamente os gemidos, os sussurros, os soluços….mas isso todo cantor pode fazer. Michael consegue ser sensual indo além do uso dessas artimanhas. Ele até utiliza  muito esses recursos, mas eu quero dizer é que a sua voz soa sexy mesmo sem que ele queira. O tempo todo, e em todas as músicas. Me perdoem os homens, mas às vezes acho que só nós mulheres percebemos essas nuances. É uma voltinha na voz, que brinca com nossos sentimentos;  é um estalo da língua que parece que a gente até pode vê-la tocando o céu da boca; é uma frase repetida em outro tom assim casual calculadamente; é aquele jeitinho de cantar chorando que mata a gente; é aquela voz que rasga, engasga, parece que a palavra entala na garganta dele e, quando sai, é pura magia; são as oscilações da altura, que mexem com a nossa imaginação; são esses e outros detalhes que não consigo descrever. E o curioso é que esse perfil  sexy da voz de Michael está presente quando a voz é metálica, mais fria, quando é quente, rouca, poderosa; quando está bravo e eu chamo de “voz de galinho de briga”, que eu adoro; ou quando é de uma candura que não existe igual, que é a sua faceta “sweet Angel”, mais sexy ainda!!!

E aquele soprinho no microfone: O que é isso???? Arrepiante…Me faz acreditar cada vez mais, que Deus criou mesmo o homem a partir de um sopro nas narinas.
Sua voz transmite respeito  aos seus fãs, canta o que eles querem ouvir, isso deixou sempre claro, até a derradeira This is it!
Somos gratos a Deus por esse homem que foi um instrumento bem afinado, que teve a capacidade de aliar a transpiração do trabalho árduo dos ensaios, exercícios vocais, horas a fio em estúdios com a inspiração divina do dom a ele conferido, que teve a a habilidade de transformar esse dom em arte e a compartilhá-la conosco. Sua belíssima voz é um presente a todos que o amamos e também um legado à humanidade  e está eternizada nas suas canções.

Thanks, Michael. God bless you!
 Maio/2011




Fonte: http://falandodemichaeljackson.wordpress.com/2011/08/22/a-voz-de-michael-jackson-um-registro-apaixonado/

Fonte original : Recanto das Letras

Preparando-se para ser Princesa


“Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? “

 (Fernando Pessoa)



Há algum tempo atrás, o mundo assistiu extasiado ao casamento real.  O assunto não foi pra mim tão interessante quanto a impressa quis fazer parecer, mas não posso negar que fiquei muito curiosa pra ver algumas cenas: o tão esperado vestido da noiva, o seleto grupo de  convidados , a cerimônia em si, os noivos encantados, as crianças do séquito, a música, a decoração e o povo, pra mim mais fascinantes e roubadores da cena principal. Comentários à parte pra os que fazem desse ofício a sua arte, prefiro dizer que achei tudo muito bonito, embora formal demais pro meu gosto brasileiro, que sempre põe emoção em tudo. Aquele cerimonial tão rigorosamente cronometrado me soou frio, impessoal mas ainda assim, belíssimo!
Assistir ao conto de fadas vivido por Kate e William me fez reacender sonhos dentro de mim, e romântica incorrigível que sou, até acreditei mesmo que eles se amam e que serão felizes para sempre.
Também fui outro dia numa exposição sobre Grace Kelly, a Princesa de Mônaco. 

Sorvi cada gota do que pude beber, pois de novo encantamento, cerimônias sem fim e tradição se uniram para dar corpo a um conto de fadas. O vestido de casamento, lindíssimo, estava lá impecável e é provável que tenha inspirado o modelo de Kate, tamanhas as semelhanças.
Roupas de festas, jóias, sapatos e bolsas de luxo , muitas festas, beneficentes ou não,  fotos posadas com os filhos, cinema e arte me levaram a sonhar e a me colocar no lugar dessas mulheres que parecem predestinadas à vida de princesas. Cada uma com seu príncipe, cada qual com seu palácio, cada uma revive o sonho de Cinderela em versão própria.
E eu, novamente eu, só poderia mesmo ser eu… lembrei de meu amado Michael Jackson. Mais do que um príncipe encantado, um rei de reinado tão próprio e tão incompreendido.
 
Meu príncipe Peter Pan, homem-menino, seu reino fascinante, a Terra do Nunca é o melhor lugar onde eu possa querer morar. Lá nesse lugar lindamente preparado onde a fantasia e a imaginação brincam de mãos dadas, e dançam alegres como crianças e onde meu príncipe também dança, bailarino como só ele sabe ser e ainda também canta e encanta. Então _ pensei eu _ preciso me preparar para ser a princesa sob medida para príncipe tão ímpar. Pouco canto e menos ainda danço, mas amo e como eu amo! E imagino além da conta, e sonho e deliro. E no sonho eu sou mesmo a princesa Wendy, de um certo príncipe Peter Pan, lindo, gentil, humanitário, talentoso, sexy, dono de um olhar estonteante e expressivo, de um sorriso contagiante e, nem precisava, mas muito rico também. Inteligência aguçada, porte alto, talhe elegante, movimentos leves ao dançar, como de um caminhante na lua e voz doce de anjo ao falar, ao cantar…são apenas alguns adjetivos de uma lista interminável.
 
E foi assim que aconteceu. Ainda no sonho, nos enamoramos. Seus lindos e profundos olhos me fascinaram e ele se encantou com o meu amor tão singular e único. Tudo ia tão bem em nosso palacete de encantamento regado a músicas e danças. Mas cruelmente me despertaram de meu devaneio onírico e o transformaram num pesadelo. O que era doce magia é hoje triste saudade, mas a gratidão ainda é maior que a tristeza. Mas meu príncipe Peter Pan parou no tempo e eu estou aqui a envelhecer, na utopia que um dia tanto amor possa vencer a barreira do tempo e do espaço. Tive que aprender a viver na Terra do Nunca pra sobreviver à dor dessa ausência. Sim, é pra isso que servem as fantasias…


Fonte original : Recanto das Letras

Visita à Casa Thriller


Por Irleide de Souza 


Eu e minhas amigas saímos do Hospital Infantil de Los Angeles e seguimos para Carroll Avenue.
Ao chegarmos, a placa confirmava que estávamos na maior concentração de casas da Era
Vitoriana, tombadas pelo Registro Nacional de Monumentos Históricos.



Perplexas, entramos na rua, à procura da famosa Casa Thriller, do vídeo clip de maior sucesso da história da música.
Cada casa que víamos nos deixava de queixo caído. Mansões bonitas, mas estranhas…  De repente, parece que estávamos protagonizando um filme de terror!!!  O nosso carro ia bem devagarinho, em busca da casa do  número  1345.
O silêncio era sepulcral e a onipotência das casas metia medo. A ausência de cortinas revelava o interior das salas e podíamos ver imensas árvores de Natal decoradas e iluminadas em cada uma delas, mas não via nenhuma pessoa. A falta de muros nas casas construídas em 1887,porém, não transmitia aconchego nem segurança.



Finalmente encontramos. E a Casa Thriller estava ali, medonha à nossa frente, tinta desbotada, sem iluminação, apenas uma tímida luz acesa em um dos cômodos, os móveis cobertos com lençóis brancos, jardim descuidado e uma placa “For Sale”.  Parecia mesmo uma mansão assombrada e abandonada. Estava claro que não havia ninguém morando lá, nem decoração natalina tinha, como nas demais casas. O clima de solidão era evidente. De repente, a lâmpada se apagou. Nos assustamos!!! Quem teria apagado a luz??? Não havia nem sombra de morador algum naquela casa.  A aventura estava apenas começando…

Casa do video clip Thriller 2011

Pensamos em descer para fotografar. Eu estava com muito medo – a casa estava feia, tinha jeito de mansão maldita de filme de terror e a vizinhança estava toda recolhida, pois já era bem tarde. Além do mais, não queríamos incomodá-los para não correr o risco de chamar a atenção de algum segurança particular que certamente cuidava da rua. Ninguém queria se envolver num incidente desagradável ou ter problema com a polícia americana.
Do carro mesmo, peguei minha digital simplezinha e fizemos umas fotos da casa. A iluminação da mansão vizinha ajudou e a foto saiu bem visível.Foi então que resolvemos descer.  M., nossa amiga que fotografou toda a viagem,  com sua câmera bem potente e semi profissional também começou a disparar fotos com flash.
Como o silêncio reinava absoluto, o barulho do flash disparado soava imenso e havia o risco de acordar moradores tão importantes.
Mas aí o inesperado aconteceu. A câmera não conseguia captar a imagem e a foto não saía. O medo foi aumentando…  M. testou a câmera fotografando casas vizinhas e outros pontos, como o chão, os nossos pés… e tudo bem. Só a Casa Thriller não saía nas fotos…. Sinistro!!! Foi dando um gelo, um mal estar. Foi quando a S. nos alertou que já era muito tarde e no outro dia tínhamos que levantar cedinho, que era melhor irmos embora. Mas a nossa fotógrafa era persistente, o que aumentava meu pânico, eu que parecia ser a mais assustada de todas. Foi então que começamos a divagar. Que seria isso? Cada uma levantou sua hipótese: _ Alma penada, maldição na casa que foi palco de outros filmes de terror? Não podia ser nada a ver com Michael, um cara super do bem… E eu, tentando acalmar meu próprio desespero disse: _ Gente, não deve ser nada sobrenatural, imagina. Deve ser algum esquema de segurança que a casa tem, que a protege contra flashes.
Enquanto isso, M. insistia nas poses e, quanto mais tentava, mais a câmera rateava, fazia um barulho diferente, parecia chorar… Umas poucos fotos foram captadas, registrando imagens escuras, pouco nítidas, e o céu que estava límpido ficou parecendo nebuloso e até desenhos de raios e trovões apareceram, tudo muito assustador. Nesta altura do campeonato, eu já estava dentro do carro fazendo preces.

 

Foi quando resolvemos olhar no relógio, pois estávamos vencidas pelo cansaço. Lá do alto da Carroll Ave. víamos os prédios acesos do cartão postal de L.A., completando a horripilante cena. E os ponteiros marcavam  os primeiros minutos de um novo dia, o que significava que as fotos foram feitas exatamente à meia-noite. Ainda mais sinistro!!! Ficamos gélidas diante da coincidência, entramos no carro, demos mais uma volta na avenida e em outra rua da estranha vila e, antes que a M. quisesse retornar pra novas tentativas, nós a convencemos a desistir.
Não via a hora de me retirar daquele local, pois na minha mente já imaginava  coisas horríveis. Eu, particularmente, voltei  com a sensação de pavor que nenhum filme de terror conseguira me dar e uma dúvida cruel. O que realmente teria acontecido naquela noite?

Irleide de Souza
Enviado por Irleide de Souza em 17/03/2012
Código do texto: T3560414
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A Saudade Em Mim


Saudade, essa palavra que só existem em português, desde muito cedo é um vocábulo que faz parte de meu contexto.
Eu era ainda criança quando deixei minha pequena cidade natal e vim morar em São Paulo. Desde então, esse sentimento de nostalgia me persegue.
Voltei algumas vezes à minha terrinha, mas nunca mais foi a mesma coisa. O colégio agora parecia tão pequeno. Onde é mesmo que eu brincava de “A corrente pega gente, quem tem medo sai da frente…”?  E a professora já não se importava mais tanto com a sua “melhor aluna”, parecia mesmo que nem se lembrava mais de mim… Mas o pior foi ver a bela casa com pomar e jardim onde eu passei meus primeiros e inesquecíveis anos de vida,  tão diferente, pintura descascada, plantas mal cuidadas, tão triste e tão feia e tão sem vida… Onde estavam os cajus e abacates, os pássaros canoros e até os mandruvás e bichos-papões que tanto me apavoravam? Foi um golpe forte ver assim a casa que um dia fora nossa. Lembro muitas vezes de Carlos Drumond de Andrade, em seu texto “Vende a casa”, onde ele se refere às fibras, mais fortes  que laços que o prendiam à casa que ele estava vendendo com o coração apertado. Tantas memórias, tanta vida ali vivida. Pensei sinceramente em comprar aquela casa e trazê-la de novo à vida. Foi só um sonho de criança.
E foi assim, cresci em meio à saudade da terra natal, da infância lá deixada, dos parentes e amigos, das mangueiras e do poeirão vermelho, do cheiro de chuva na terra, dos vagalumes nas noites de lua, dos desenhos lidos nas estrelas e nas nuvens. Bons tempos que não mais voltam, da infância tão bem conduzida pelos meus pais.
Depois, vim a conhecer uma saudade muito mais amarga: da falta de um ente querido. E foi essa São Paulo, a metrópole que me acolheu e que eu aprendi a amar, a mesma que já me havia tirado Presidente Epitácio, que agora me leva também minha única irmã e anos depois, meu pai. A dor de perder  alguém amado é indescritível e porisso eu não tenho como escrever aqui, nem quero reviver tal dor. Mas é natural que sintamos tanta falta de pessoas tão especiais e que conviveram anos conosco, nos fizeram de certa forma, ser o que somos. É uma saudade que cala fundo, uma ferida que o tempo cicatriza e que se ameniza com a certeza que temos de que essas pessoas queridas ainda estão cá em nosso coração, muito do que foram vivem em nós. É assim que eu me sinto em relação ao meu pai e à minha irmãzinha.
Mas como explicar essa saudade de alguém que não conheci? Como posso amar tanto alguém que sequer vi, nunca apertei sua mão, não lhe abracei, nem rocei sua face com um leve beijo? Não sei o seu cheiro nem a textura de sua pele… Como posso me identificar tão fortemente com alguém com quem nunca convivi? Mais estranho ainda é quando esse alguém em questão é, nada mais  nada menos do que o maior artista que já houve?
Foi então que parti em busca de resposta. E, como nos tempos em que viajava pra minha pequena Epitácio procurando a infância perdida, fui à Terra do Nunca, em busca do meu Peter Pan. Desnecessário dizer da dor que sinto e da falta imensa que tenho dele…. É isso mesmo, por mais paradoxo que pareça ser, eu tenho falta dele, como se a falta fosse algo que se possui e que pudesse preencher esse vazio.
Claro que, como a minha infância tão bem vivida me deixaram marcas indeléveis, meu amado Michael Jackson também deixou um legado que é um verdadeiro tesouro. Tenho não só músicas e danças e desenhos – sim, ele também era um excelente desenhista – , mas um exemplo humanitário a ser seguido e que me dá uma causa a mais na vida. Isso me faz mais plena, assim como as lembranças dos meus tempos de menina, tão moleca que eu era!
E lá na Terra do Nunca, estive o mais perto dele que eu pude, na tentativa de juntar partes de um enredado quebra-cabeça. Ver o lugar que ele construiu para ser mais feliz, também na ânsia de resgatar uma infância que, ao contrário de mim, sequer teve, sua Neverland hoje tão desolada quanto a casa onde eu vivi quando menina, ver a escolinha de ensino elementar onde ele estudou, a cidade onde escolheu viver por toda a breve vida, ir na mesma  que ele ia, percorrer os caminhos quotidianos que fazia, tudo isso foi como tentar comprar a casa da minha infância. Nem todas as partes do quebra-cabeça me trouxeram mais o todo, pois a porcelana uma vez quebrada, não se emenda mais com perfeição. Mas esses caquinhos de Michael Jackson me trouxeram a clareza de que o amor está aqui dentro de mim, mais forte do que nunca e que, mesmo não tendo explicação, ainda que nem a razão nem a ciência deem conta, mas devo tê-lo conhecido sim, meu amado,  porque saudade como essa que eu tenho, de tão grande e tão profunda e tão sentida, não é possível que seja de um desconhecido. Já falei isso antes, em algum lugar, Michael, a gente deve ter se encontrado!

Texto registrado no Recanto das Letras
Enviado por Irleide de Souza em 03/02/2012
Código do texto: T3478943
Outros textos de Irleide

Os hoteis de Las Vegas


teto Hotel Bellagio flores de murano

Tudo em Vegas é megalomaníaco e esse conceito também se aplica  aos hoteis.
Resguardadas as diferenças de padrão e estilo, salvo exceções, os hoteis tem algumas características em comum: todos são quilométricos e contam com casinos, restaurantes variados, centros de compras, casas de espetáculos, danceterias, acomodações confortáveis e bons serviços, por preços bem razoáveis.  Muitos oferecem as chamadas “wedding chapels”, as famosas capelas onde casamentos são realizados com muita rapidez. É muito comum encontrarmos casais de noivos em toda parte. E quase todos os hoteis tem como chamariz um espetáculo fixo, como os excelentes shows do Cirque du Soleil ou artistas com contratos de exclusividade, sendo este um dos atrativos da cidade.



Os hoteis são temáticos e cada um é um mundo à parte. Para se fazer justiça, seria necessária uma crônica para descrever cada um deles.



Mas, para ser mais didática,  vou citando os hoteis aos poucos, selecionando o que mais chamou a atenção, entre tantas atrações calculadamente feitas para isto.
O Bellagio, com seu grande lago artificial é uma referência  ao “Lago di Como”, na Itália, próximo a Milão. Suas fontes de águas dançantes e luminosas se constituem no mais concorrido espetáculo da Strip. Nela, clássicos da música americana são tocados, e recentemente, foi incluída Billie Jean, de Michael Jackson. Um tributo merecido.

Fontes dançarinas no Hotel Bellagio ao som de Billie Jean

Mas além das fontes bailarinas, o interior deste luxuoso hotel apresenta um Jardim Botânico, cuja decoração  se transforma a cada nova estação do ano. Tivemos muita sorte de apreciar uma das decorações natalinas mais refinadas que já vimos, quase totalmente feita com flores. Pinguins dançantes faziam estripulias que encantavam adultos e crianças, enquanto esculturas de ursos polares, de tamanho real, nos assombravam, tamanha a perfeição. E o teto do hotel, ornado por mais de 2.000 flores de cristal murano, fabricadas artesanalmente, nos calava a voz. Um esplendor!
O charme da capital francesa fica por conta do Paris Hotel. As réplicas idênticas da Torre Eiffel, do Globo Montgolfier, do Arco do Triunfo,  da Praça da Concórdia e da Ópera Garnier, além dos lustres luxuosíssimos e da culinária típica nos transportam para uma suntuosa Paris. A torre abriga um dos restaurantes mais altos da cidade. À noite, a iluminação faz deste hotel uma imagem de sonho e porisso tem sido escolhido como cartão postal de Las Vegas. É simplesmente fascinante!
O Luxor Hotel, onde ficamos hospedadas, é uma magnífica homenagem ao Egito Antigo. Ele próprio, uma enorme pirâmide e deslumbrante, que emite um raio de luz tão forte que, segundo informações, pode ser visto até do espaço. Atrai jovens turistas por causa de suas baladas e possui um restaurante muito bom, do qual ficamos freqüentadoras assíduas. A escolha do hotel se deu por conta do show “Cris Angel Believe” (paixão de uma das amigas) e da proximidade com o Mandalay Bay. Excelente escolha!
Ao seu lado, o Excalibur Hotel lembra em tudo o Rei Artur. Por fora, parece um castelo que à noite, colorido e iluminado, é encantador. Por dentro, um centro de compras muito diversificado, lanchonetes e outros serviços o tornam bem atraente. Ligado a ele, está o Mandalay Bay Hotel.
Lindíssimo e imponente, é difícil descrever a bela decoração inspirada no Sudoeste Asiático. Tudo é hipérbole neste hotel cidade. À tarde, as pessoas fazem caminhadas nele, tão imenso que é. Os lustres são tão magníficos que fotografamos várias vezes. Mas o que nos trouxe a este hotel foi a apresentação dos espetáculos que nos fizeram vir aos EUA, a Fan Fest e a Immortal World Tour, do Cirque du Soleil.
E isto é assunto para uma próxima vez….
 
Obs - Você pode acessar pelo Youtube o vídeo que fizemos do espetáculo das Fontes do Bellagio Hotel,  no momento em que tocava a música Billie Jean, de Michael Jackson.



youtube=http://www.youtube.com/watch?v=_13QMTRJwNk&


Irleide de Souza
Enviado por Irleide de Souza em 02/04/2012
Código do texto: T3590212
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Outras fotos deste dia .

domingo, 8 de abril de 2012

A Terra do Nunca (Crônica de Viagem)




Saímos logo pela manhã em busca da “Terra do Nunca”. Já tínhamos um guia previamente contratado e conhecido de uma de nossas amigas, desde sua ida aos EUA em 2009.
Estava uma típica manhã de inverno na California: sol brilhando, mas ainda assim um dia razoavelmente frio. O  guia era bem diferente do que eu imaginava. Muito gentil, mas bem mais reservado que o nosso guia do dia anterior, limitou-se mais a responder o que lhe era perguntado, mas sempre com muita simpatia e empatia. Parecia mesmo que ele respeitava nosso sentimento de amor ao Michael, tão visível, quase palpável.
Todas estávamos fortemente emocionadas e íamos apreciando o caminho que ligava Los Angeles a Neverland.



Logo de início, entendemos a escolha de Michael Jackson. O trajeto é algo especial. A natureza privilegiada nos ofertava visões lindíssimas de montanhas, mar, regiões desérticas mas com alguma vegetação , poucas casas, todas muito belas, e um céu intensamente azul, apesar da estação.



Depois de um bom percurso, chegamos a um lugar que já era bem parecido com as fotos que víamos sempre: árvores retorcidas, como  a “Giving Tree” (1) e outras com as folhas avermelhadas eram abundantes nessa região. Fizemos uma rápida parada. O local lindíssimo parecia ter sido tirado de uma tela ou um bom filme. Tratava-se de uma área pra camping e tinha um rancho de madeira, muito bem cuidado, parecendo ser um restaurante típico.  Havia um conjunto de mesas estrategicamente organizadas em forma de U, decoradas com motivos natalinos e umas moças muito bonitas, que pareciam tão felizes, preparando com muito carinho os retoques finais para o que seria uma confraternização entre amigos. Fiquei com uma ótima impressão daquela região,  já tão próxima do nosso destino.



Durante todo o caminho, íamos falando de cada detalhe, lembrando de fotos, vídeos e outros registros de Michael por aquelas paragens e tudo ia se juntando como peças de um quebra-cabeça.
Chegamos a um vilarejo muito pequeno e também pitoresco: . Tinha uma lanchonete chamada “Wendy”. Nem preciso falar mais nada…. Já deu pra ir sentindo o cheirinho de Peter Pan.O coração apertado, as palavras sumindo da boca, a respiração acelerando… e  Gustavo, o nosso guia  estacionou. _ Neverland à nossa frente!!!!!



Descemos da van.  A  estrada é estreita mas bem cuidada, as árvores tortas estão em toda parte, há flores, principalmente rosas brancas, muito perfumadas. Mas ele nos leva primeiro a um canteiro de…. PEDRAS!!!! Lá muitos visitantes deixam mensagens escritas nas pedras desde 2009. Começamos a ler o que podíamos, pois eram muitas. Tão lindas, tão dignas de nosso amado …  E tão tocante aquela cena!



Andamos um pouco mais e chegamos ao portão de entrada. Grande,  marrom, bem  típico de fazenda.  Não escondia a beleza estonteante do local, tampouco nos possibilitava ver as residências, nem os detalhes da propriedade. Alguns carros estacionados e homens trabalhando faziam a segurança do local e, apesar da cerca tão baixinha, não dava mesmo sequer pra tentar entrar.



Pensei que se eu dominasse bem o inglês iria conseguir convencê-los a nos deixar fazer uma rápida visita (audaciosa eu!!!), mas todos acharam que isso seria inviável.Então, aproveitamos o que era possível. Tinha aquela casinha branca que é muito bonita, bem pertinho dos nossos olhos, canteiros, pedrinhas e lanternas escritas com dedicatórias, além de câmeras de seguranças e fios escondidos entre as frondosas árvores.Sentamos embaixo da árvore maior e central do canteiro externo, andamos um pouco ao redor, sentindo o ambiente, respirando emoções.  Pensei até em subir em uma das árvores, mas não sou hábil como Michael e a noção de respeito à propriedade alheia me conteve. Não depredamos nada, não escrevemos nada. Deixamos num banco ao lado da porteira um cartaz com fotos de nossos amigos fãs de São Paulo e mensagens escritas por todos. Foi a nossa singela dedicatória, além da nossa eterna gratidão, a Deus pela oportunidade de estarmos lá e ao MJ, por tudo que representa em nossas vidas.
A vontade de ficar sentadinha debaixo da árvore era imensa, mas tínhamos horário pra nos apresentarmos no “Santa Ynez Airport”, pra fazermos o vôo de helicóptero sobre Neverland, na tentativa de vermos mais detalhes.




Não era tão longe e, apesar de um erro no percurso, chegamos a tempo. Na verdade, estavam fazendo um vôo anterior ao nosso e ainda esperamos. Nunca vi como alguns minutos pareciam uma eternidade. Nesse tempo de espera, contemplamos a vista tão bonita do aeroporto, ele próprio – apesar de tão pequeno –  bem cuidado, com belas árvores, bem ajardinado e mais uma vez pensamos em quantas vezes Michael pode ter passado por lá e visto aquela mesma paisagem, apreciando a beleza do local, contemplando a visão que, mesmo em direção a Neverland, ainda assim a ocultava dos olhos curiosos… Acho que ele se ria muito disso!


Quando o helicóptero pousou, três lindas e elegantes fãs japonesas desceram, totalmente “a caráter”.  Com consentimento, tiramos fotos com elas, muito sorridentes. Eu admirei a alegria delas e pensei com meus botões: _Acho que não vou conseguir voltar sorrindo desse vôo….
Por questão de segurança, nosso grupo foi dividido em duas viagens e eu fiquei pra segunda. Mais uma angustiante espera. Por sorte, o guia ficou conversando muito comigo e mostrou-se ser alguém muito especial e com experiências incríveis. Ficamos sentados em bancos abaixo de umas árvores floridas. Parecia mais uma área pra piquenique, pois tinha até mesas, tudo bem bucólico.
Quando, após as instruções,  finalmente embarcamos (o Gustavo também foi) meu coração já não se continha. Do alto, podia ter a idéia clara do que é um vale, das lindas montanhas que o cercam, como que dobraduras de veludo feitas pelas mãos caprichosas de Deus.


Tive também a noção da distância imensa entre as milionárias propriedades locais,  mas fui ficando triste durante o vôo. Fui vendo uma Neverland ainda bem cuidada, toda forrada com um belo gramado, o nome da propriedade esculpido em flores com uma borboleta de cada lado, como nos tempos dele…As árvores tortas – não identifiquei a “Giving Tree” – pois  o helicóptero não podia se aproximar muito e porque a emoção não me deixou nenhuma porção necessária de razão.


Vi também uma quadra de esportes, a casa principal com o relógio floral, o grande lago bem azul, árvores de folhas douradas, outras casas, carros estacionados, uma enorme cerca branca delimitando espaços, o castelinho de contos de fadas, homens trabalhando… Tantos detalhes não preenchiam a falta principal: não estava mais lá o nosso Michael, rodeado de seus filhos, de outras crianças felizes, dos animais do Zoo, do Parque de 
Diversões, brincando com pistolinhas d’água, fazendo guerra de balões.


Apesar de bonito demais, o local não tinha mais a vida de antes, a fantasia de antes, as cores de antes. Não tinha mais o Peter Pan.
Voltei muito calada. Tampouco chorei, apesar dos olhos rasos d’água.
Na  mente, ecoava ao longe, uma voz doce e suave dizendo: “Eu queria um lugar com um espaço ilimitado, onde pudesse usufruir das montanhas e um passeio à cavalo. Todo tipo de diversão.



É simplesmente um lugar divertido. Eu amo isso! E eu sempre amarei. Eu nunca, jamais venderia Neverland. Neverland sou eu. Ela representa a totalidade de quem eu sou. Sério mesmo. Eu amo Neverland.” (Michael Jackson)

(1) Giving Tree” - A árvore onde MJ se recolhia para buscar inspiração ao compor suas músicas.


Vídeo do sobrevoo de helicóptero que fizemos sobre Neverland


Enviado por Irleide de Souza em 07/04/2012
No Recanto das Letras
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